O oxigénio encontra-se, em abundância, na sua forma simples, na atmosfera e na hidrosfera. Além de ser o elemento mais abundante à superfície da Terra é também indispensável à vida. Sem oxigénio, simplesmente, não há vida.

O aparelho respiratório é o grande responsável pela absorção do oxigénio do ar e pela eliminação do CO2 do organismo. O oxigénio entra nos pulmões e é levado através do sangue a todas as células. Do mesmo modo, mas no sentido inverso, o CO2 é transportado das células para o exterior. Este processo é efetuado através de dois movimentos respiratórios: a inspiração e a expiração.

Se essa troca não se realizar de forma adequada por um largo período de tempo, como por exemplo, pelo uso prolongado de máscaras que impedem a absorção de oxigénio e a libertação de CO2, ou devido a stresse crónico, muitos transtornos e manifestações patológicas começarão a ocorrer no interior do organismo, entre eles, problemas respiratórios graves, ansiedade, ataques de pânico, falta de concentração, fadiga, física e mental, hipoxia e cancro.

O cancro, por exemplo, surge quando as células que compõem um determinado órgão ficam sem oxigénio, e como as células saudáveis não têm condições para sobreviver e se multiplicarem num meio aeróbico, então, essas células, para poderem continuar a viver, transformam-se em células anaeróbicas porque, assim, podem continuar a viver e a multiplicar-se, mesmo privadas de oxigénio, no entanto são cancerosas.

Mas a respiração não serve apenas para absorção de oxigênio e libertação de CO2, ela está também ligada ao funcionamento e comportamento do cérebro. Vários estudos provaram já que o ritmo da respiração cria atividade elétrica no cérebro humano, sendo responsável pelo equilíbrio dos estados emocionais e da recuperação da memória. Quer isto dizer que a forma como inspiramos e expiramos, através do nariz e da boca, influencia grandemente o nosso comportamento, a nossa energia, ou a falta dela, e os estados de ansiedade, medo ou pânico.

Podemos entender bem a relação entre a respiração e as emoções, basta observar como a respiração se acelera quando estamos ansiosos ou com medo e se tranquiliza quando estamos calmos e relaxados, ou seja, e estado emocional altera a respiração e vice-versa. Outra coisa muito importante que devemos compreender é que a ansiedade é um estado, nesse caso, “não somos” ansiosos, “estamos” ansiosos.

O momento que atravessamos, com a humanidade, absolutamente, mergulhada no medo, na incerteza do futuro e no receio do desconhecido, a ansiedade cresce dentro de cada um, juntamente com um enorme sentimento de impotência. É para aqui que, quase exclusivamente, desviamos a nossa atenção, já que é uma situação que percecionamos como sendo de perigo. Mas, ao desviar a atenção para esse perigo, perdemos o foco e o controlo na nossa respiração e passamos a respirar de forma incorreta, aumentando, assim, ainda mais a ansiedade.

A respiração é tão importante que basta observar como, realmente, ela marca os limites da nossa existência. Toda a nossa vida decorre, efetivamente, entre a primeira inspiração e o último suspiro.

O que devemos então fazer para manter o corpo, a mente e as emoções saudáveis?

Algo muito simples: respirar bem!

A respiração, quando consciente e controlada acalma a mente e proporciona uma sensação muito agradável de bem-estar.

Existem várias técnicas de respiração, deixamos aqui a indicação de uma muito simples que qualquer um pode praticar e que acalmará as emoções de forma simples e rápida.

Chamemos-lhe a técnica da respiração ritmada.

• Escolha um local calmo e sente-se confortavelmente com a coluna ereta.

• Feche os olhos e foque toda a sua atenção na respiração, tomando consciência de cada movimento respiratório

• Comece por fazer uma inspiração bem profunda, voltando toda a atenção e consciência para a esse movimento respiratório. Conte até cinco enquanto vai, lentamente, expandindo o abdómen. Pode colocar as mãos sobre essa zona do seu corpo e sentir o movimento de expansão a cada inspiração. Sinta o ar a entrar pelas narinas.

• Segure o ar dentro de si enquanto conta até cinco.

• Lentamente, inicie o movimento de expiração, inicie a contagem até cinco ao mesmo tempo que contrai o abdómen, liberte o ar pelo nariz e relaxe.

• Repita estes movimentos respiratórios algumas vezes e diariamente, focando neles sempre a sua atenção e consciência

Observação:

Observe que, enquanto se focou apenas no ato respiratório, a sua mente acalmou, a tensão muscular aliviou e todo o corpo relaxou. Isto acontece porque a sua mente esteve focada unicamente no momento presente e não no que aconteceu no passado ou preocupada com o futuro.

Em boa verdade, podemos afirmar que o sofrimento é, unicamente, o resultado das recordações do passado e da antecipação do futuro. A mente humana tende a viver nestes dois momentos, perdendo, por completo, o foco e a consciência do momento presente.

E assim passa a vida, é como inspirar e expirar o ar sem o reter cá dentro!

Tome consciência de cada momento, aproveite e viva a vida!