De um modo geral, a resposta a esta questão talvez seja porque comemos muito.
Com efeito, o excesso de peso, embora não de forma exclusiva, está intimamente relacionado com o que ingerimos, embora não seja tanto pela quantidade, mas sim e sobretudo, pela qualidade e natureza dos alimentos que ingerimos.
Na verdade, e na generalidade dos casos, pessoas com excesso de peso não comem em grandes quantidades ou em excesso. Muitas das vezes submetem-se a dietas, jejuns prolongados, regimes vegetarianos, eliminam gorduras e proteína animal sem, contudo, obterem quaisquer resultados.
O QUE ESTÁ, ENTÃO, ERRADO?
O erro e a consequente falta de resultados residem no desconhecimento da causa que deu origem a um desequilíbrio no metabolismo do organismo. Sem causa não há solução, desta forma, entramos num ciclo vicioso de ansiedade, frustração, fome e cada vez mais aumento de peso.
Do ponto de vista emocional, períodos de luta dão lugar a longos períodos de apatia e desânimo, depressão e perda da vontade. Este é, de um modo geral, o padrão em que acabamos por cair.
No nosso mundo, da globalização, somos condicionados por modas e estilos de vida que se aplicam a todas as áreas da nossa vida, incluindo a forma como nos alimentamos, vestimos, dormimos, nos exercitamos e socializamos.
É o coletivo quem dita as regras, o indivíduo não é tido em conta e os regimes dietéticos não são exceção. Se queremos perder peso, a regra será universal e aplicável a todos por igual, basicamente, restringir hidratos de carbono e gorduras, queimar calorias, beber muita água e prolongar os tempos de jejum.
Porém, esquecemos que por trás dessa generalização há um ser único, diferente de todos os demais, com uma constituição própria que, por uma determinada razão, gerou uma desarmonia interna e, por isso, requer um tratamento, igualmente, único e individualizado.
O QUE SE ESCONDE POR TRÁS DO AUMENTO DE PESO?
A saúde é um estado de equilíbrio dos órgãos internos que gera bem estar físico, mental e emocional e nos permite lidar com todas as situações da vida de forma adequada, racional e harmoniosa.
Cada órgão tem as suas funções específicas, embora sejam interdependentes, bastando, portanto, que um entre em desequilíbrio para gerar alterações nos restantes.
O Baço, por exemplo, desempenha um papel importantíssimo no nosso organismo e é responsável por um conjunto de funções vitais, tais como a digestão, a transformação dos alimentos que ingerimos em energia e sangue, o foco, a concentração e o pensamento. É ainda o Baço que controla os líquidos, permitindo uma boa drenagem, evitando acúmulos ou edemas.
Se o Baço enfraquece, devido sempre a maus hábitos ou exposição a humidade e/ou frio, que pode vir do clima ou dos alimentos, todas estas funções se alteram, o órgão arrefece, perde a função e deixa de ser capaz de transformar os alimentos em energia necessária ao bom funcionamento da mente e de uma boa digestão.
Como resultado desse mau funcionamento, começam a surgir alguns sintomas que são um alerta de doenças ou de situações de excesso de peso que se poderão vir a manifestar, entre eles:
- Cansaço, sensação de falta de energia, muita sonolência durante o dia, especialmente após as refeições, porque a pouca energia tem que ser toda canalizada para a digestão e não chega para manter a mente desperta;
- Os líquidos começam a ficar retidos no corpo, dando a sensação de peso e de aumento de volume corporal;
- A gordura, sem energia que a movimente e transforme, tende a ficar igualmente parada
- O mecanismo de eliminação do impuro, lentifica-se.
- As funções tornam-se lentas devido ao frio interno no baço
E, assim, vai surgindo um quadro de obesidade, cuja causa é a falta de energia, necessária para movimentar, metabolizar e transformar líquidos e todo o alimento, mas que, devido à sua falta, se vai depositando em camadas, cada vez mais difíceis de eliminar.
QUAIS OS HÁBITOS QUE PODEM GERAR ESTE DESEQUILÍBRIO?
- Ingestão de alimentos crus e de natureza fria e húmida, tais como, abacate, manga, banana, saladas cruas, alface, melão, melancia, banana, cenoura, beterraba cruas, batidos verdes, leite e todos os derivados
- Pular ou não respeitar os horários das refeições: 7.00H-8.00H; 12.00H-13.00H; 18.00H-19.00H, respetivamente, pequeno almoço, almoço e jantar.
- Comer à pressa ou enquanto está diante de um ecrã ou, ainda, quando está irritado por alguma razão. Nestes casos, a digestão não se irá realizar de forma adequada.
- Deitar tarde, levantar tarde ou dormir durante o dia, tudo isto enfraquece o baço, inviabilizando as suas funções.
CONHECENDO A CAUSA, PODEMOS RESOLVER O PROBLEMA.
O QUE PODEREMOS FAZER?
- Ingerir alimentos da terra, sempre todos cozinhados, como raízes e tubérculos, tais como abóbora, cenoura, nabo, verduras, beterraba, inhame, batata doce.
- Leguminosas, arroz, peixe e alguma carne
- Tomar um bom pequeno almoço que inclua ovos, fruta cozida ou papaia ou mamão, frutos vermelhos, citrinos.
- Um jantar ligeiro, com sopas de legumes ou algo leve, uma vez que o metabolismo reduz à medida que nos aproximamos do fim do dia e, tendo um metabolismo, já de si, deficiente, torna-se impossível ao organismo digerir refeições muito pesadas, favorecendo mais ainda o acúmulo de gordura, líquidos e matéria em geral.
- Mastigar bem os alimentos, Não beber líquidos com as refeições, uma vez que por falta de energia, o baço não conseguirá digerir os líquidos que irão fiar presos e dar origem a distensão abdominal ou outros edemas. Não comer diante de ecrãs
- Beber água apenas quando tem sede, sem forçar a ingestão, já que o corpo não consegue metabolizar e eliminar
- Nunca beber água ou quaisquer outros líquidos gelados, antes, durante ou após as refeições ou mesmo durante o dia grandes quantidades de líquidos.
- Caminhar ao ar livre, fazer exercício moderado, porque o excesso vai consumir ainda mais energia, que já é pouca.
- Acalmar a mente, desenvolver uma arte: música, dança, canto, artes manuais como o desenho ou a pintura, ajudam a acalmar a mente
Deixamos aqui apenas algumas orientações, uma forma diferente de ver os contornos de uma manifestação que cada vez mais assola e invade o nosso mundo ocidental, gerando cada vez mais jovens e adultos com casos de obesidade mórbida e/ou outras doenças, como as cardíacas e a diabetes, que poderiam ser evitadas.
O que aqui se refere poderá não ser suficiente, por isso mesmo, aconselhamos, uma consulta especializada e bem orientada de acordo com cada caso específico.
Para já, fica aqui apenas um apelo à mudança de hábitos, já é um bom começo, lembrando sempre a importância de “saber comer” para poder ter saúde e viver a vida plenamente.
Como diz o velho ditado oriental
“Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és”!