INFLAMAÇÕES CRÓNICAS: POR QUE AS TEMOS?

As Inflamações crónicas constituem, atualmente, um dos maiores grupos de manifestações clínicas que afetam grande parte da população mundial ocidental. São inúmeras e atingem todas as faixas etárias, incluindo bebés e crianças de tenra idade.

A que se deve tal fenómeno?

Do ponto de vista da Medicina ocidental, assim como acontece com todas as doenças crónicas, a causa, geralmente, é desconhecida, mas também não relevante, o tratamento é feito com imunossupressores e/ou corticoides nas fases agudas, seguindo, portanto, este padrão de tratamento para o resto da vida, uma vez que a cura, objetivamente, nunca ocorrerá.

Numa perspetiva oriental, para que ocorra a cura, em primeiro lugar, é preciso compreender o desequilíbrio interno e as causas que lhe deram origem. Erradicando o que está a sustentar a doença com todo o conjunto dos seus sintomas, aí sim, encontraremos a chave para o tratamento, reequilíbrio e total recuperação do doente.

Comecemos, então, por compreender o que é uma inflamação, os tipos mais comuns de inflamação e as causas que poderão estar na sua origem.

A palavra “inflamação” deriva do étimo latino – In + Flamma (chama)

Pela etimologia da palavra, facilmente se compreende que algo, neste caso, determinados tecidos do corpo estão em chama, como que a “arder”, manifestando as três características do quadro inflamatório: ardor, edema e rubor.

É sobre esta ideia de chama ou fogo que toda a Medicina oriental assenta para a compreensão e explicação da inflamação e de todas as doenças crónicas que, afinal, mais não são do que a consequência de quadros de inflamação crónicos.

São muitos e diversos os tipos de inflamação de que podemos sofrer, falamos de dermatites, rinites, sinusites, bronquites, gastrites, cistites, colites, retocolites ulcerativas e tantas outras “ites”  que inundam o nosso quotidiano e que tanto sofrimento e desespero trazem a quem delas padece.

 Indiferentemente do nome e da sua localização, para a Medicina oriental as causas de qualquer processo inflamatório são sempre um fogo gerado por um, ou vários órgãos internos, devido a um desequilíbrio, mais ou menos intenso e prolongado, geralmente, de origem emocional, tendo como coadjuvantes uma dieta desequilibrada e longos períodos de sedentarismo.

Um exemplo: uma psoríase, ou qualquer outra doença inflamatória da pele, pode ter na sua origem um excesso de stresse, como cada órgão está associado a uma emoção, neste caso, o fígado, associado à irritabilidade, agitação, raiva  e impaciência, gera o fogo do fígado, que acabará por atingir a pele. Mas, numa outra pessoa, a dermatite pode ter resultado da deficiência do baço-pâncreas por excesso de atividade mental e intelectual ou, ainda, num terceiro caso, a inflamação da pele pode ser a consequência da secura interna extrema, que é considerado um falso calor, causado por uma deficiência Yin do Rim que é o nosso reservatório de água. Se houver muito fogo interno, a água esgota-se.

Como se desenvolvem as doenças a partir destes desequilíbrios?

Os órgãos têm uma determinada função, se a função se perde, com o tempo, a doença materializa-se, inicialmente, nesse órgão, mas, uma vez que existe uma interdependência entre os cinco órgãos, à medida que o tempo avança, se nada for feito, todos os órgãos acabarão por ser afetados.

No caso das doenças do trato respiratório, sejam rinites, sinusites ou bronquites, o órgão envolvido é o pulmão.

Este órgão tem como função captar a energia do ar e também representa a energia de defesa ou a nossa imunidade. Na Medicina oriental, os órgãos estão ligados a vísceras, no caso do pulmão ele está associado ao intestino grosso, o que explica o facto de as doenças do intestino grosso, como as retocolites ulcerativas, crohn, cólon irritável ou intolerâncias alimentares estarem, igualmente, associadas a desequilíbrios do pulmão.

As doenças de pele também estão relacionadas com o pulmão, é muito frequente vermos crianças de tenra idade sofrerem de asma ou de bronquite e, mais tarde tornarem-se atópicas. A pele atópica é, geralmente, uma consequência de uma enfermidade, não devidamente tratada, do pulmão e do intestino grosso.

No caso das rinites e sinusites, outros órgãos podem também estar envolvidos. Como, geralmente, nestas manifestações, há grandes acumulações de mucosidades nas vias aéreas, essas secreções podem ter origem na humidade do baço-pâncreas.

Como se explica isto?

Dentro da teoria dos 5 elementos, a ordem dos órgãos é fígado, coração, baço-pâncreas, pulmão e rim. O baço-pâncreas está muito relacionado com o pulmão e, por esta razão, a humidade do baço-pâncreas pode passar para as vias respiratórias.

Porém, na maioria dos casos, a contradominância do fígado sobre o pulmão, ou seja, o fogo do fígado ao deslocar-se para o pulmão e, atingindo o intestino grosso, gera inflamação e dá origem à patologia. Como a pele também está ligada ao pulmão, se o fogo do fígado chegar à pele, vai queimar a pele, gerando vermelhidão, comichão, ardência, psoríase, urticária, etc.

Prevenção e tratamento

A medicina oriental privilegia a prevenção e manutenção da harmonia das funções dos cinco órgãos através de hábitos de vida saudáveis.

Porém, em caso de desequilíbrio e para tratar uma inflamação é necessário, como já se referiu, conhecer a causa inicial do desequilíbrio.

  • Se a síndrome for o fogo do fígado:

Perceberemos isso pelo estado emocional, emoções mal geridas, reprimidas ou violentamente manifestadas estagnam a energia do fígado. Neste caso, será necessário adotar uma dieta que exclua alimentos quentes, porque estes vão aumentar mais o fogo do fígado, tais como café, gengibre, pimenta, fritos assim como o tabaco e consumir alimentos mais frescos na sua natureza, como o boldo ou a romã. O fígado está associado ao sabor ácido, por isso o consumo de alimentos desta natureza como os brotos de feijão, bambu e vegetais verdes ajudam a apaziguar as emoções.

Importante também é aprender a harmonizar as emoções, não as reprimindo, mas, antes   aprendendo a lidar com elas, visto que fazem parte do ser humano. Se elas ficarem bem resolvidas sem recalcamentos ou mágoas soterradas, a função do fígado será preservada.

  •  Se a síndrome for a deficiência do baço-pâncreas:

Geralmente, manifesta-se por um cansaço intenso, especialmente matinal, com inapetência para o trabalho e começo do dia, associado a falta de apetite na primeira refeição da manhã e ausência de sede.

Recomenda-se seguir uma dieta isenta de lacticínios, de alimentos crus, como saladas, e gelados, porque geram humidade. Como o baço-pâncreas está associado ao elemento terra e ao sabor doce devem consumir-se alimentos da terra adocicados, tais como, nabo, cenoura, inhame, abóbora, também papaia, arroz e tâmaras.

Respeitar os horários das refeições, não saltar refeições e tomar um bom pequeno almoço trarão de volta a toda a vitalidade

Acalmar a mente através de meditação ou a prática de Ioga, Tai Chi ou Qi Gong vão trazer a harmonia das funções deste órgão.

A finalizar, e em todas as situações, lembramos que energia é movimento, sem movimento a energia estagna, energia estagnada gera bloqueios nos meridianos que se irão densificando e acabarão por se materializar através do aparecimento de várias doenças crónicas no corpo físico.

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