Causas da Perda da Massa Muscular

A cada ano que se inicia, temos por hábito renovar os votos de realização de sonhos e de mudanças de hábitos. Porém, na maioria das vezes, o ano envelhece e os sonhos e mudanças a que nos propusemos acabam esquecidos no fundo da gaveta até à chegada de um novo ano. E assim, neste ciclo constante, aguardamos que, num novo ano, o que tanto desejávamos nos surja diante dos olhos.

No mundo em que vivemos, aprendemos, desde muito cedo, a valorizar tudo o que é material e, naturalmente, os sonhos, regra geral, relacionam-se, sobretudo, com bens materiais ou com a própria imagem e, ao invés de “mais vale sê-lo que parecê-lo”, valorizamos tudo o que seja exterior e esquecemo-nos de quem somos.

Nesta lógica de pensamento, nas sociedades ditas modernas, uma das coisas que mais afeta e atemoriza o ser humano é a ideia do envelhecimento, especialmente, por duas razões.

A primeira, porque está associado a doenças crónicas, praticamente todas elas idiopáticas, ou seja, de causa desconhecida. Não conhecendo a causa, não pode haver cura, logo, implicam tratamentos prolongados e para o resto da vida, não obstante a continuação da perda das capacidades físicas e/ou mentais progressivas, como são os casos das doenças neurológicas e musculoesqueléticas, nomeadamente Artroses, Artrites e Sarcopenia, entre um vastíssimo leque de tantas outras.

A segunda razão envolve a questão estética, nomeadamente, a flacidez, o ressecamento e o enrugamento da pele, especialmente na mulher em determinadas zonas do rosto ou do corpo, associadas a uma perda progressiva e intensa de tónus muscular e consequente perda do volume que dá forma, mobilidade e resistência ao corpo.

À perda intensa de massa muscular, acima de um determinado índice, designa-se Sarcopenia.  Esta pode conduzir a sérios problemas de locomoção e cardíacos, já que o coração é um músculo, mas é vista como uma condição normal e própria do envelhecimento, por isso, pouco ou nada há a fazer, para além de algumas recomendações alimentares ou de hábitos de vida, nem sempre possíveis de pôr em prática devido ao avançado estado da doença.

Desta forma, e porque a sociedade nos faz crer que o envelhecimento é uma condição à qual todos estamos condenados, acabamos por, com resignação, aceitar a dor e o sofrimento, achando que faz parte do processo e nada fazendo, ao longo da vida, para a sua prevenção. As sociedades modernas são excelentes na oferta de medicação para as mais diversas doenças, mas possuem uma enorme lacuna no que respeita à prevenção e orientação de bons hábitos de vida.

Mas a questão da perda da massa e de tónus muscular vai muito para além da questão da idade, ela não se limita mais a uma determinada faixa etária. Atualmente, uma grande maioria da população jovem, especialmente, a mulher, apresenta já estas queixas que se traduzem em dor generalizada, perda do tónus muscular, ptoses, seja das pálpebras, uterina ou da bexiga, alopecia, entre outras.

Se o problema não é o envelhecimento de acordo com a idade estipulada socialmente para o início da velhice, a que se deve este envelhecimento precoce?

A resposta pode não ser evidente aos nossos olhos ocidentais, preparados para ver apenas o visível e imediato, mas, na ótica de uma medicina oriental com milénios de existência, focada essencialmente na Natureza e na Essência de cada Ser, a resposta é simples e bem evidente – envelhecemos cada vez mais cedo pela forma como levamos a vida, pelas metas que estipulamos, pelo que comemos, pelos horários de descanso e das refeições que não respeitamos, pelo acúmulo de tarefas diárias e, sobretudo, porque nos focamos no outro e perdemos o acesso e a compreensão de nós mesmos.

A sociedade ocidental, incentivadora de tudo isto, cria o problema, mas oferece a solução – uma indústria de estética e um mercado inundado de soluções milagrosas de colagénio, elastina, ácido hialurónico, entre tantos outros, procedimentos estético-cirúrgicos sem fim, horas a fio de musculação, jejuns, etc.

Será, realmente, esta a solução e o caminho a continuar a seguir? Os resultados comprovam que estamos a envelhecer não apenas cada vez mais cedo, mas, principalmente, não estamos a saber envelhecer, por isso, desenvolvemos o medo de perder a juventude, agarramo-nos a ela como uma tábua de salvação e rejeitamos tudo o que ao envelhecimento diga respeito, incluindo os mais velhos, como se, desviando o olhar ou construindo uma imagem de eterna juventude, nos impedisse envelhecer.

O que nos falta saber a este respeito?

Na visão da Medicina Chinesa, todas as doenças se iniciam ou resultam de uma estagnação, deficiência ou de um excesso da energia que poderá ocorrer em qualquer órgão e que poderá resultar na perda da função, inicialmente desse órgão, posteriormente, em outros, já que todos estão ligados e são interdependentes.

 Isso acontece, devido a fatores internos, como emoções reprimidas, e a fatores externos, como alimentação inadequada, sedentarismo, falta de descanso ou de sono, frio ou calor, consumo de bebidas geladas, especialmente durante as refeições, excesso de preocupação, excesso de trabalho mental, entre muitos outros hábitos ocidentais.

Cada órgão tem uma função específica, por exemplo, o Baço é o responsável pela imunidade, pela produção de sangue, pelo equilíbrio hídrico do corpo, pela manutenção do tónus muscular e por uma mente focada e ativa.

Se não tivermos uma alimentação adequada e em horários certos, respeitarmos os períodos de lazer e de descanso, com o tempo este órgão enfraquece e perde a capacidade de funcionar adequadamente. Começam, então, a surgir alguns sintomas, como a flacidez e a perda do tónus muscular, edemas, ptoses (quedas dos órgãos), aumento de peso por retenção de líquidos, perda da fome e da sede, entre outros.

Assim, compreendendo a fisiologia dos órgãos internos, conseguimos chegar à causa de todas as doenças e desta forma, repor a sua harmonia e bom funcionamento, evitando ou reparando o problema sem necessidade de procedimentos externos, regra geral, de solução temporária e que não têm em consideração a verdadeira causa do problema.

Além da alimentação, da orientação na mudança de hábitos e na prática de exercício, principalmente, o  Qi Gong,  a MTC recorre também a práticas milenares tais como Acupuntura, Tui Na, Moxabustão, entre outras formas de reequilibrar qualquer desarmonia interna.

Conclusão

Compreendemos que, numa sociedade totalmente voltada para o exterior e para o consumo, não será fácil inverter o processo, porém, é importante saber que existem outos caminhos, muito pouco divulgados ainda, mas que poderão ser úteis nas nossas escolhas e decisões, quem sabe para formular os votos de mudança na entrada do próximo Ano Novo.

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