A Ciência da Homeopatia

 

Ao longo de mais de dois séculos, muito se tem especulado no que respeita à prática da Homeopatia.

Esta questão não causa estranheza já que História da Humanidade está marcada por inúmeros confrontos entre as novas ideias e os cânones instituídos da época. Foi assim com Galileu Galilei, considerado hoje o pai da ciência moderna, mas condenado e acusado de herege na sua época por defender o sistema heliocêntrico que contrariava o geocêntrico de Ptolomeu.

Muitos séculos passaram e muitas cabeças rolaram no confronto entre as novas e as velhas ideias, mas a História mostra que as primeiras sempre acabaram por se impor.

A cegueira, no sentido de não querer ver, e o preconceito são os piores inimigos do Homem, impedem que evolua e são, ou deveriam ser também, os grandes inimigos da ciência. Contudo, há sempre, em todos os tempos e em todas as épocas, o grupo dos “Velhos do Restelo”, que considerando-se donos do saber absoluto, permanecem agarrados aos seus preconceitos e mergulhados no mundo do apenas visível e palpável, incapazes de, do alto do sua sabedoria, questionar, analisar e discutir a possibilidade da existência de outras realidades para além da que está apenas diante dos seus olhos e, desta forma, limitando-se a basear-se nos princípios que regem exclusivamente, o seu pequeno mundo físico.

O debate a que assistimos na passada segunda feira no Programa Prós e Contras envergonha e entristece pala ignorância com que as mentes esclarecidas da ciência do nosso país justificam a não inclusão das Medicinas Não Convencionais do Sistema Nacional de Saúde. Uma autêntica trapalhada, arrogância, prepotência e total desconhecimento acerca do que falam, por parte de quem advoga a sua exclusão, foi o que certamente ficou registado na mente de quem assistiu ao programa.

Não realidade, não existe justificação para tais atitudes, primeiramente, porque afirmando não existir uma base científica que sustentem as Medicinas Não Convencionais, também não apresentam uma base científica para provar o contrário, ou seja, a ineficácia das mesmas. Em segundo lugar, porque há espaço para todas estas práticas médicas em conjunto com a Alopatia, a que, naturalmente, ninguém retira o mérito. Médicas sim, porque todas elas, embora de formas diferentes, têm como objetivo o tratamento e a cura de quem sofre por falta de saúde, seja ela física, mental ou emocional.

A Homeopatia, ao longo dos seus mais de duzentos anos, possui milhares de evidências, que podem, muito facilmente, ser demonstradas aos nossos ilustres cientistas. Baseadas, não apenas na opinião de quem a utiliza e a pratica, mas, nas centenas de casos bem sucedidos e publicados no mundo inteiro. As evidências e o carácter científico são também observáveis nas muitas centenas de obras escritas por grandes mestres, onde se inclui uma vastíssima literatura baseada em evidências clínicas, bem como nos muitos volumes de Repertórios e de Matérias Médicas Homeopáticas, registos autênticos das manifestações gerais, particulares, características, concomitantes, físicas, mentais e emocionais, obtidos pela experimentação ou prova, como se designa em Homeopatia, e que requer muitos anos de estudo para compreender e aprender a  manipular.

 Também constituem prova e evidência científica os relatórios clínicos de milhares de pacientes assistidos nos incontáveis Hospitais Homeopáticos espalhados por todo o Mundo e, particularmente, pela  Índia e os fantásticos resultados obtidos no tratamento de epidemias e outras doenças de natureza viral, para a qual a Medicina Convencional não encontrou resposta até agora, em várias regiões de África, habitadas por populações altamente desfavorecidas e que graças à boa vontade de alguns homeopatas, têm sido assistidas e devidamente tratadas, porque aí, a Medicina Convencional não chega e, talvez, até não tenha grande interesse em chegar. Não é certamente aí que se concentra o poder económico.

O que dizer também do grande número de crianças que sofre de otites recorrentes para as quais o único recurso é o antibiótico que chegam a repetir quinzenalmente e que, após a toma do remédio homeopático adequado, por vezes apenas numa única toma, interrompem, quase como por milagre, o ciclo de recidivas.

Todos estes exemplos são evidências e provas de que, bem aplicada, a Homeopatia resulta, só não vê quem não quer e nem se dá ao trabalho de investigar.

É, portanto, no mínimo muito estranho que eminentes cientistas, contrariamente ao que a ciência exige, afirmem, do alto da sua autoridade, barbaridades sem sequer se dignarem estudar, consultar, analisar, investigar ou, até mesmo, experimentar, seja o que for, nas áreas que arrogantemente reprovam e desdenham. Para o efeito, basta-lhes afirmar tratar-se de água com açúcar, simplesmente porque não encontram as moléculas que procuram e que justificam o seu pequeno mundo. Nesta perspectiva, é caso para perguntar, é a isto que chamam Ciência?

Tratar, em Homeopatia, não é apenas suprimir os sintomas como se faz em Alopatia. A Homeopatia tenta descobrir o que deu origem aos sintomas físicos e isso exige que o homeopata saiba, exatamente, o que tem que ser curado em cada paciente,  domine a Linguagem dos  Repertórios, consiga organizar os sintomas de acordo com a sua importância, elabore a totalidade sintomática do paciente para, dessa forma, chegar ao Remédio cuja patogenesia mais se aproxima do sofrimento do paciente.

Por aqui se vê que a filosofia da Medicina Homeopática vai muito além de uma simples prescrição de remédios para sintomas, isso é a especialidade da Medicina Convencional que, justamente por isso mesmo, muitos deles são prescritos para serem tomados até ao fim da vida, como tantos exemplos que conhecemos. Seria caso para perguntar, então se os remédios convencionais são os únicos que curam por que necessitamos de os tomar para o resto da vida? E por que é que os sintomas voltam quando os deixamos de tomar?

 O problema da Homeopatia é que enfrenta dois grandes males, o do preconceito de alguns, infelizmente, os que têm o poder de opinião nas suas mãos, e a má prática que resulta da falta de Regulamentação.

Caso a homeopatia fosse regulamentada e o seu ensino feito de uma forma adequada e da mesma forma que se ensina nas escolas e universidades, nomeadamente, da Índia, atualmente, o maior expoente mundial a nível  desta Medicina, e que inclui o conhecimento de matérias como Anatomia, Fisiologia, Patologia, disciplinas como Botânica, Química, Zoologia, de Matéria Médica e de Técnicas de Repertorização, acompanhadas, naturalmente, de prática clínica, não limitaríamos a Homeopatia a remédios como os do Dr.Reckweg ou a xaropes para a tosse ou outros dos Laboratórios Boiron e também não daríamos, erradamente, dezenas de remédios ao mesmo tempo a um mesmo paciente. A isso não devemos chamar Homeopatia, isso sim, é grave.

A Homeopatia é muito mais do que se pensa e é dessa consciência que necessitamos para que seja vista como a Ciência e a Medicina extraordinária que o é. Defendida por Hipócrates, considerado o pai da Medicina Moderna, que defendia que o tratamento, dependendo da patologia e da necessidade do paciente a ser tratado, assentava em duas hipóteses, ou tratar no sentido da doença (Homeos + Pathos) ou contra a doença (Alos + Pathos). Ambas válidas, em função da situação.

 A Homeopatia é na verdade uma Medicina com uma filosofia própria e que tem que ser entendida nessa ótica, ou seja, no respeito pela individualidade e globalidade do indivíduo, não na ótica alopática das partes e, por essa razão, a sua integração no S.N.S. faria todo o sentido  não apenas pelos resultados, mas também pela redução dos custos.

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