A palavra vírus vem do latim “virus” e significa veneno ou toxina.
Com efeito um vírus é uma hemotoxina exógena acelular, ou seja, não possuem célula, apenas material genético encapsulado dentro de um envelope lipoproteico. Os vírus não manifestam atividade biológica fora de células hospedeiras.
Quer isto dizer que, ao contrário das bactérias, os vírus não se conseguem reproduzir por si só e, para isso, infetam células de um organismo vivo em função da sua especificidade, apropriando-se do mecanismo da célula para a sua reprodução. O sistema que liga o vírus à célula, e permite a sua entrada, é semelhante ao mecanismo chave-fechadura.
Os vírus podem, portanto, ser específicos para contaminar uma determinada espécie e, dentro dessa espécie, serem específicos para infetar um determinado tipo de células.
Por exemplo, vírus que só infetam humanos e tipo de células que infetam:
- O HIV apenas consegue infetar células do Sistema Imunológico, ele não consegue atingir nenhum outro tipo de células.
- O Vírus Influenza só se liga às células do aparelho respiratório superior
- O Rotavírus infeta células do trato gastrointestinal
- O Coronavírus atinge as células do Aparelho Respiratório inferior
Como os vírus não têm células, eles não sofrem a ação do antibiótico, de nada serve tomar um antibiótico numa infeção viral porque o vírus não é destruído com este tipo de medicamentos.
Dessa forma, a Medicina Convencional, considerando que o tratamento da infeção só será possível com a destruição exógena do microrganismo, e nunca pelo próprio organismo, fica totalmente à deriva e centra a sua terapêutica na tentativa de eliminar apenas os sintomas que a infeção apresenta, como a febre e as dores, as diarreias ou os vómitos. Recorre por isso, a antipiréticos, analgésicos e antieméicos, por considerar que os sintomas são a doença.
Mas, não são!
Os sintomas são a reação do organismo à presença do vírus, a febre é a forma inteligente que o organismo adopta para destruir o vírus, a única forma, aliás. Todos conhecemos bem o processo e os objetivos da esterilização, destruir microrganismos através da elevação da temperatura, sabendo que bactérias e vírus, de um modo geral, não sobrevivem a uma temperatura próxima ou superior a 40ºC.
Como atua a Medicina Homeopática no tratamento de doenças infeciosas, independentemente da causa ou microrganismo?
A Medicina Homeopática, ao compreender este fenómeno, não recorre a procedimentos que baixem, de forma brusca e violenta, a febre do paciente, ao contrário, considera importante manter o corpo quente, cobrindo-o de modo a provocar a transpiração. O que observamos é que, desta forma, e em poucas horas, o Sistema Imunitário, executa o seu trabalho de destruição e eliminação do vírus e, consequentemente, a temperatura baixa porque o combate ao vírus terminou.
Além desta medida, extremamente importante, a Homeopatia possui na sua Matéria Médica um conjunto de remédios muito específicos e com manifestações clínicas características de doenças infetocontagiosas, independentemente do organismo que lhes deu origem, seja vírus ou bactéria.
Assim, numa fase inicial, podemos pensar nos seguintes remédios:
Ferrum phosphoricum: Nos primeiros estágios de condições febris e inflamatórias, com febre até 39ºC e condições catarrais, hemorragias de sangue vermelho vivo. É, portanto, um remédio de evolução insidiosa, a febre surge de forma lenta e mantém-se entre os 38ºC e os 39ºC.
Belladonna: É um remédio de violência, os sintomas manifestam-se de forma brusca e muito violenta, com febres superiores a 39ºC. Com forte congestão da cabeça e parte circulatória, grande excitação nervosa. Tem sempre associada a sensação de calor, face ruborizada, com transpiração e palpitação violenta, sentida e observada nas carótidas.
Gelsemium sempervirens: Os sintomas são insidiosos. como dores de cabeça congestivas, e surgem após vários dias de exposição à causa, ao contrário de Belladonna, cujos sintomas se manifestam imediatamente. Outras queixas dos pacientes são: Extremidades frias com cabeça e costas quentes, hiperemia cerebral, pele muito quente com temperatura elevada. Podem surgir convulsões das extremidades, cãibras dos dedos e dos músculos das costas. O estado do paciente pode lembrar o estado de meningite. Palpitação durante o estado febril com grande fraqueza e pulso irregular. Grande prostração e ausência de sede, não obstante a febre elevada, são keynotes do remédio.
Numa fase de complicação dos sintomas com problemas respiratórios:
Bryonia alba: Estados febris continuados, inflamação das membranas serosas, cefaleias, dores articulares, tosse traqueal. Tosse seca, muito dolorosa, desejo de inspirar profundamente, mas não consegue porque aumenta a tosse e as dores. O paciente segura o peito ou pressiona o esterno quando tosse. Qualquer pequeno movimento agrava a tosse e o estado do paciente. Todos os sintomas melhoram com repouso absoluto. Secura das mucosas com sede de grandes quantidades de água fria. O paciente sente grande cansaço que agrava ao movimentar-se, incluindo falar. É um remédio muito útil em Febre Tifóide e em febres contínuas, como em bronquites, asma e pneumonia.
Eupatorium perfoliatum: É um remédio muito importante quando o paciente apresenta dores nas pernas e nos músculos que, geralmente acompanham doenças febris, como malária e infeção pelo vírus Influenza. As dores são inúmeras e afetam, os músculos, os olhos e os ossos. Tosse traqueobronquial com dores no peito. Sede de grandes quantidades de água fria, grande prostração.
Antimonium tartaricum: Um dos remédios mais utilizados em doenças do trato respiratório. O paciente apresenta uma respiração ruidosa, com expetoração difícil de muco muito espesso. A auscultação evidencia a presença de estertores húmidos no trato respiratório inferior. A língua do paciente apresenta-se muito carregada. O paciente evidencia muita transpiração e grande debilidade. Dificuldade de engolir líquidos. Vomita em qualquer posição, exceto deitado do lado direito. A náusea produz medo com pressão na região precordial.
Kalium carbonicum: O doente apresenta dispneia permanente, está asténico. A tosse é extremamente violenta, seca e espasmódica. A expetoração é pouco abundante e grisácea. Manifesta dores nas bases pulmonares. A dispneia melhora sentado com o toráx inclinado para a frente e os cotovelos apoiados nos joelhos (posição do cocheiro). O período de agravamento é, sobretudo, entre as 2h e as 4h da manhã
Phosphorus: Este remédio está indicado na inflamação e degeneração das membranas mucosas e serosas, em hemorragias de diversa ordem, hepatite subaguda, entre muitas outras condições clínicas. A nível do aparelho respiratório, o paciente apresenta fortes dores de garganta, acompanhadas de rouquidão ou afonia que agrava para o final do dia, tosse seca que faz tremer o corpo, congestão dos pulmões com sensação de peso e opressão do peito. A respiração é rápida e oprimida. Pneumonia com opressão, agrava deitado do lado esquerdo.
Carbo vegetabilis: Dispneia sufocante, tosse ineficaz e pouco produtiva, doente cianótico por hipoxemia, sudoração por hipercapnia.
NUMA FASE DE COMPLICAÇÃO DOS SINTOMAS COM PROBLEMAS Digestivos:
China officinalis: É um remédio muito indicado nos estados iniciais de doença aguda com descargas exaustivas e grande debilidade por perda de fluídos vitais (vómitos ou diarreia). Remédio, por excelência da Malária. A perda de fluídos leva, gradualmente a uma anemia, com grande palidez e fraqueza geral do doente. O coração enfraquece originando uma congestão da circulação e consequente surgimento de hemorragias que podem conduzir ao aparecimento de convulsões. A grande debilidade de China, devida à perda de fluídos, é o sintoma chave do remédio.
Arsenicum album: É um remédio que afeta todos os órgãos e tecidos, correspondendo a um número bastante variado de tipos de doenças graves. O doente apresenta grande debilidade, exaustão que agrava com qualquer pequeno esforço, está extremamente ansioso e fraco, evidenciando um terrível medo da morte. Todas as dores do doente são ardentes e melhoram com calor. Sente muita sede, mas apenas consegue beber pequenos goles de cada vez. Náusea e vómito após ingestão de alimentos ou bebidas acompanhado de gastralgia, estômago extremamente sensível e irritado. A nível intestinal, as dores ardem como fogo, melhoram pelo calor. O fígado e o baço estão dilatados e doridos. Ascite. Disenteria escura e sanguinolenta, muito ofensiva. O período de agravamento de todos os sintomas ocorre entre a 1.00H e as 3.00H da manhã.
Conclusão:
Estes são apenas alguns dos remédios com patogénese semelhante aos sintomas manifestados em várias infeções virais bem conhecidas e que poderão dar excelentes resultados no tratamento de infeção pelo coronavírus, dada a semelhança dos sintomas maioritariamente apresentados nesta infeção.
Mas convém recordar que é preciso ter um conhecimento e prática no manejo destes remédios para que possam ser utilizados com rigor e segurança sem colocar a vida do doente em risco.
Fase de Incubação
Importa também assinalar que, antes da manifestação dos sintomas, existe um período de incubação. Durante esta fase, tendo ou não sido infetado, é prudente e recomendável tomar algumas medidas que permitam o fortalecimento do Sistema Imunitário, nesse caso, poderemos pensar em Anas Barbarie 200K, popularmente conhecido e comercializado com o nome de Oscilococcinum 200K, em glóbulos, e que se encontra disponível em qualquer farmácia.
O Oscilococcinum auxilia no reforço do Sistema Imunitário e pode ser considerado como uma vacina, no que respeita ao vírus Influenza. Tomado como prevenção, alguns glóbulos diretamente na língua, 2 a 3 x semana, ou como tratamento do estado gripal inicial, caracterizado por arrepios de frio e sensação febril. Neste último caso, devem fazer-se 3 tomas seguidas de alguns glóbulos, com um intervalo de 2 horas entre elas e, em seguida, passar a um dos remédios acima descritos que mais se aproxime do quadro de sofrimento do paciente.
A Homeopatia pode e deve complementar-se com uma terapêutica de apoio:
- Vitamina C Ester (não ácida), 1g x dia
- Vitamina D3
- Selénio e Zinco
- Ómegas 3
- Própolis + Equinácea em gotas ou xarope
- Chás de Gengibre, Perpétua roxa, Alcaçúz (neste último, caso não sofra de hipertensão arterial) para melhorar a inflamação e facilitar a expetoração.
- Óleo de Orégano em cápsulas ou em gotas
- O óleo de Orégano pode também ser útil para fazer inalações, em caso de mucosidades acumuladas e difíceis de se soltar. Basta juntar algumas gotas em água a ferver e fazer algumas inalações ao dia.
A Alimentação tem também um papel importante
Uma alimentação rica em fibras, vitaminas, probióticos poderá ajudar a reforçar o Sistema Imunitário, a preservar o equilíbrio microbiótico intestinal e a ajudar a manter a alcalinidade do pH do sangue, visto que a alcalinidade é indispensável ao funcionamento adequado de processos metabólicos e libertação das quantidades corretas de oxigénio nos tecidos. Se o pH do sangue for ácido, as células não recebem oxigénio e os órgãos são severamente afetados, conduzindo à falência do organismo.