A Hipocloridria: Problemas e Soluções

Vivemos rodeados de vírus, bactérias e fungos, entre tantos outros micro-organismos. Grande parte deles vive no nosso intestino, no sangue e em muitos outros órgãos em número muito superior ao das nossas próprias células. Na sua grande maioria, vivem em simbiose com o hospedeiro, beneficiando ambos desta interação. São, também, responsáveis por inúmeras funções metabólicas, sem as quais a vida não seria possível no planeta.

Atualmente, porém, este aspeto foi totalmente desprezado. Passámos a entender os micro-organismos, especialmente os vírus, numa perspetiva, unicamente, mortífera e como inimigos a abater.

Será isto realmente verdade? Deveremos atribuir exclusivamente a culpa ao agente externo e ilibar o hospedeiro de qualquer responsabilidade?

De acordo com a teoria microbiana de Pasteur, defendida e praticada pela medicina convencional, sim.

Desta forma, eleito um inimigo, a solução passa, exclusivamente, pela sua destruição, seja com antibióticos, antivirais, vacinas ou outros medicamentos.

As medicinas tradicionais, por seu lado, mantiveram-se fiéis à teoria de Claude Bernard, percussor de Pasteur, que defendia o conceito de homeostase, isto é, o equilíbrio do meio interno do indivíduo como forma de prevenção das doenças.

Nesta perspetiva, corrigem-se os desequilíbrios, evitando que a patologia, infetocontagiosa ou não, se instale e se manifeste.

Assim, ao invés de culpar, lutar e tentar matar o que consideramos ser a causa dos nossos males, assumimos a responsabilidade de que adoecemos pela perda do equilíbrio interno, provocada, seja, por alterações hormonais, metabólicas, hídricas, psíquicas, psicológicas ou, o que é mais comum, problemas resultantes de uma má digestão, como veremos seguidamente.

Hipocloridria: Os Problemas Digestivos e as Infeções

A digestão, nas medicinas tradicionais, está associada ao elemento fogo porque só pela combustão se poderão transformar os alimentos em nutrientes e eliminar patógenos e tudo o que seja prejudicial e tóxico para o organismo.

Para que os alimentos sejam devidamente metabolizados e os vírus, ou quaisquer outros patógenos, sejam eliminados, o estômago produz naturalmente uma boa quantidade de ácido clorídrico.

O pH de um estômago saudável varia entre 1,5 e 3,5 o que, infelizmente e contrariamente ao que pensamos, é raro. Sofremos muito mais por falta de ácido no estômago do que por excesso dele. Falamos de hipocloridria quando o pH se situa entre 3 e 5, valores acima destes indicam uma acloridria, ou seja, ausência da produção de ácido clorídrico, o que, basicamente, significa que o estômago perdeu a sua função e está inativo. Sem estômago, não ocorre a digestão dos alimentos nem a destruição de patógenos que, desta forma, entram na corrente sanguínea, dando origem a todo o tipo de infeções.

Vemos, portanto, a importância da produção de ácido clorídrico para que o estômago desempenhe adequadamente a sua função e iniba a passagem de toxinas para o sangue.

Vários fatores contribuem, no entanto, para contrariar este processo, nomeadamente, os tão famosos medicamentos da família dos “prazóis” mundialmente prescritos para tratamento do refluxo esofágico e da azia, por estarem associados a excesso de ácido, quando na verdade, estas patologias indiciam, sim, a falta dele.

O estômago necessita de um meio ácido, no qual bactérias, vírus ou fungos não podem viver, mas, em condições normais, a sua parede está naturalmente protegida por uma camada de muco sem ser necessário qualquer outro tipo de proteção artificial.

O excesso de medicação, uma alimentação de má qualidade e ingerida à pressa, o álcool, os refrigerantes, os fermentos e o stresse comprometem todo o processo de produção de ácido clorídrico e reduzem a camada protetora de muco, dando origem às mais vaiadas patologias digestivas e a todo o tipo de infeções.

Solucionar a Hipocloridria: alimentos que curam

  • A Betaína, presente na beterraba e à qual se deve a sua cor vermelha, contém um alcaloide rico em ácido clorídrico que ajuda a manter os níveis ótimos de acidez no estômago, sendo muito importante, como já se referiu, na destruição de parasitas, vírus, bactérias ou fungos e, especialmente, em casos de hipocloridria, que se verifica na quase totalidade dos doentes, embora se pense o contrário. Os níveis ótimos de ácido clorídrico permitem também a obtenção de minerais de extrema importância, como é o caso do magnésio e do potássio, já que intervêm em diversas funções vitais sem as quais não será possível manter uma boa condição de saúde. A beterraba é também um poderoso antioxidante e um anti-inflamatório natural, devido à presença do licopeno

Diversos outros órgãos acabam, assim, também, por ser beneficiados das suas propriedades, como é o caso do coração e do fígado que, juntamente, com a metionina, promove a desintoxicação do sangue e a regeneração dos hepatócitos.

  • O sumo de limão, sobejamente conhecido e tomado em jejum com água morna, como recomendado na Medicina Ayurveda para tratamento da esteatose hepática pode ser também um excelente auxiliar da digestão, quando tomado, numa pequena quantidade, após a refeição. De igual modo, o limoneno, presente na casca do limão, alivia a náusea e a indigestão.
  • O sumo de Aipo constitui, igualmente, uma forma excelente de aumentar o nível de ácido clorídrico no estômago ao mesmo tempo que reduz os níveis tóxicos de amónio presentes na mucosa intestinal e geradores de inúmeras patologias e de sintomas bem semelhantes aos de uma infeção viral.

Concluindo

A teoria microbiana levou-nos a acreditar e a aceitar que um vírus apenas se contagia pela proximidade, dessa forma, aceitamos, sem questionar, todas as medidas que nos são impostas achando que o perigo reside lá fora e no outro, sem nos preocuparmos a olhar para dentro de nós mesmos.

Não obstante, a maioria dos vírus e outros patógenos, que entram em contacto com o organismo, provêm dos alimentos e do ar que inalamos e só adoecemos se o nosso meio interno não estiver equilíbrio, o nosso estômago não possuir os níveis de ácido necessários e/ou o nosso sistema emunctório não conseguir eliminar devidamente as toxinas. Caso assim não fosse, todos, sem exceção, ficaríamos doentes e não é o que se observa, independentemente das condições externas.

Recordemos sempre que o nosso organismo é perfeito e tem a capacidade de se autorregenerar. As nossas células morrem e renascem em ciclos periódicos de acordo com a sua função, isto significa que morremos e renascemos a cada oito meses.

Respeite o seu organismo, ele cuidará de si!

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