O corpo humano é composto, na sua grande maioria, por água, mas também por muitos outros nutrientes. Conhecemos bem a importância de minerais, como o Cálcio, o Ferro, o Zinco, ou o papel fundamental das Vitaminas e é bem frequente a preocupação com a sua carência. Contudo, pouco destaque se dá a outros, não menos importantes, no que se refere ao equilíbrio biológico e fisiológico do organismo, referimo-nos, particularmente, aos Oligoelementos.
O QUE SÃO OLIGOELEMENTOS?
A palavra Oligoelemento deriva do grego «oligos» e «elemento» e significam, respetivamente, pequena quantidade e corpo simples. São, portanto, minerais dos quais o organismo necessita, mas em muito pequenas quantidades, dado que, na grande maioria, são tóxicos. Os oligoelementos estabelecem uma sinergia entre si, de modo que, a diminuição ou o aumento de apenas um, pode provocar a diminuição ou aumento de outro ou outros oligoelementos, originando um desequilíbrio no organismo e, consequentemente, uma alteração hormonal, enzimática, neurológica ou comportamental. Por vezes, manifestações que desvalorizamos como estados de fadiga, cansaço, apatia ou falta de concentração, mais não são do que o resultado de um desequilíbrio destes metais. Alguns estudos, por exemplo, comprovam que elevados níveis de Cádmio e de Chumbo no sangue estão intimamente relacionados com um padrão de violência e de agressividade. Contrariamente, baixos níveis de Selénio, pensa-se que possam induzir o aparecimento de vários tipos de cancro, enquanto em doses diárias adequadas, cerca de 200µg, o Selénio bloqueia a subida do Ácido Araquidónico, composto lipídico e presente na membrana celular, protege a função hepática e aumenta a resistência celular. Esta é, também a razão pela qual não se deve administrar Zinco a um paciente com cancro, uma vez que, na sua sinergia com o Selénio, o Zinco inibe a absorção do primeiro.
Além de, na generalidade, apenas necessitarmos microgramas destes minerais, existem algumas regras para uma boa disponibilidade, nomeadamente, devem estar unidos a proteínas e aminoácidos e cada oligoelemento tem preferência por uma determinada vitamina que o potencia.
A CLASSIFICAÇÃO DOS OLIGOELEMENTOS
Os oligoelementos classificam-se em Essenciais e Não Essenciais. Os primeiros são indispensáveis à vida, já que o seu défice ou excesso pode provocar profundas alterações ou morte. Encontram-se presentes no organismo, em concentrações mais ou menos constantes, achando-se, neste caso, o Ferro, o Iodo, o Cobre, o Cobalto, O Zinco, o Selénio, o Níquel, o Silício, o Molibdeno e outros. Cada um deles tem uma função específica, por exemplo, o Ferro, componente da hemoglobina, é fundamental para o processo de respiração celular; o Iodo, componente das hormonas tiroideas, estimula o metabolismo; o Cobalto é importante na produção das hemácias; O Cobre é útil na síntese do colagénio e o seu défice pode levar ao aparecimento de problemas ósseos bem como a um aumento de Flúor; o Silício é um protetor arterial e articular.
Do segundo grupo fazem parte metais como a prata, o ouro, o Boro, o Lítio e o Alumínio. Estes são conhecidos como oligoelementos úteis, a sua concentração pode curar ou provocar uma doença, embora, geralmente, sejam de grande benefício para o organismo.
O QUE PROVOCA A CARÊNCIA DE UM OLIGOELEMENTO?
A carência de um ou mais oligoelementos pode dever-se a vários fatores, entre eles, uma alimentação desequilibrada, excessos medicamentosos, antibióticos, tratamentos hormonais, inflamações ou doenças crónicas. Também o excesso de um oligoelemento pode originar a carência de outro(s), isto é, alguns minerais são antagonistas, o excesso de metais pesados, como o Cádmio, o Mercúrio e o Chumbo, baixam os níveis de outros como o Fósforo, o Cobre, o Zinco, o Cálcio, o Selénio ou o Ferro.
EM CONCLUSÃO
Em Oligoterapia, como em qualquer outra Terapia, é preciso compreender o que originou o desequilíbrio. Por exemplo, o caso de uma anemia, tradicionalmente, associada a uma carência de Ferro, pode também dever-se a uma carência de Cobre, de Níquel ou de Cobalto, ou, pelo contrário, pode resultar de um excesso de Molibdeno, de Selénio ou de Zinco.
A Oligoterapia deve ser vista como uma terapia adequada e muito válida em diversas patologias, incluindo o cancro, envelhecimento ou problemas comportamentais, entre outras, recomenda-se, no entanto, um acompanhamento especializado e nunca a automedicação como forma de tratamento.